An Island, por Mariana Moraes

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Mariana Moraes é fotógrafa e autora do projeto An Island, que apresenta retratos poéticos em preto e branco dos moradores da paradisíaca Ilha de San Andrés, Colômbia. Convidamos a fotógrafa para exibir algumas de suas fotografias aqui no nosso site e nos responder perguntas sobre este projeto.



CameraNeon: Conte-nos um pouco sobre a Ilha de San Andrés.

Mariana Moraes: A setecentos quilômetros da costa do continente colombiano encontra-se uma ilha. Essa pequena e simpática ilha, cheia de ritmos e cores, sofreu influência espanhola e inglesa por muitos anos até se tornar propriedade da Colômbia. Seus habitantes, que ainda carregam sobrenomes ingleses devido à colonização européia, os mencionam sempre com muito orgulho. Os idiomas falado por todos são: o criolo, o espanhol e o inglês. Os moradores da ilha vivem vidas longas e tranquilas, dentro de suas casas seculares, muitas em incrível estado de conservação. São religiosos (Protestantes e Católicos) e atendem as missas toda semana sempre com suas melhores roupas. Quando não estão na igreja ou no trabalho, gostam de observar o movimento da ilha pela varanda de suas casas, enquanto suas crianças correm livres e se divertem pelas praias exuberantes que só temos acesso nas melhores de nossas férias.



Você idealiza os projetos antes de viajar ou durante a viagem?

“An Island” aconteceu sem planejamento. Nosso destino final era Cuba, mas como estávamos com uns dias de sobra decidimos fazer uma parada na Ilha de San Andrés. Assim que fechamos a viagem, procurei por algumas imagens da ilha no Google e encontrei centenas de fotos de suas praias paradisíacas, todas encantadoras. Me preparei para 3 dias de descanso absoluto regado a muita água de côco e frutos do mar. Assim que chegamos fomos direto para praia e depois voltamos caminhando para a pousada. Nesse caminho de volta eu comecei a observar as casas centenárias que existem na ilha, são fascinantes. As crianças brincavam na varanda, corriam por todos os lados. Em uma das casas, a mãe varria a areia da porta de entrada enquanto o pai limpava o pequeno barco de pesca no quintal. Eu comecei a me apaixonar por tudo aquilo e decidi que queria fotografar, não as praias paradisíacas, mas as pessoas que viviam ali. Esse foi o ‘start’, foi quando o projeto veio na minha cabeça, mas eu ainda não estava muito convencida que eu iria conseguir. Eu não queria ser uma fotógrafa invisível, eu queria conseguir conversar com as pessoas, entrar em suas casas, dirigí-los pra foto, enfim, algo mais intimista e que expressasse bem aquela ilha. Foi quando eu educadamente, ou inconvenientemente pedi para entrar, fotografá-los e ouvir suas histórias. 



Como você selecionou as pessoas a fotografar? Conte-nos um pouco mais sobre como se planejou e alguma das incertezas que tinha em mente.

Eu percebi que na ilha todos se conheciam, então fui até o dono da pousada que estávamos hospedados e me apresentei, disse que era fotógrafa e mostrei um pouco do meu trabalho a ele, expliquei o projeto que estava querendo realizar com os moradores da ilha e perguntei se ele poderia me ajudar. Ele foi bem receptivo, me levou na janela, apontou uma das casas e disse: “Aquela casa ali é do meu cunhado, você gosta daquela casa?” Eu respondi que sim. Então eu fui e bati na porta do cunhado, e depois em outra e em outra. Todos foram muito receptivos, me recebiam com um sorriso largo e adoravam contar histórias da ilha e de suas famílias. 



Retratos são a base do seu projeto. A que habilidades você atribui o seu sucesso em se comunicar com outras pessoas e cativá-las para quererem participar do seu projeto?

Eu sou formada em cinema, e talvez por isso eu goste tanto de fotografar pessoas e dirigí-las no processo. Dirigir não é apenas dar instruções como: “fica aqui”, “agora vamos ali” “vire o rosto levemente pra esquerda” “agora pra direita”, definitivamente não são essas as direções que te garantirão uma boa foto, principalmente quando está lidando com pessoas comuns e não modelos profissionais. A direção começa antes do primeiro clique, ela começa inicialmente no fotógrafo. Se eu não sei a foto que eu quero, ela dificilmente vai sair. Uma vez que eu tenho a pessoa a ser fotografada e a locação eu analiso a luz natural que me está disponível (90% das minhas fotos são feitas com luz natural), em seguida já defino o que eu quero em quadro. Enquanto converso já vou percebendo vários detalhes sobre a pessoa, se é uma pessoa introvertida, se é de sorriso fácil, se o movimento corporal é fluído ou se é mais rígido, e todos esses detalhes me ajudam no processo. Um passo importante da direção é entender a pessoa a ser fotografada, para que exista a comunicação. A mensagem precisa ser compreendida, portanto, esqueça termos técnicos, mantenha a conversa sempre descontraída, procure perceber o que deixaria a pessoa mais à vontade e faça. Eu sempre converso, explico, posiciono, e então a deixo livre para que ela me entregue o ‘clique perfeito’ da maneira mais natural possível. 



Por que preto e branco?

Muitas vezes as cores e texturas podem nos distrair em uma determinada foto, nesse projeto, o p&b me ajudou a destacar melhor a emoção e os detalhes importantes de cada situação. 


Quais equipamentos fotográficos você usou para este projeto?

Usei minha Nikon D700 e as lentes 105mm e 35mm.



Para ver o projeto completo, visite:
https://marianamoraes.46graus.com/an-island/



Publicado por Câmera Neon em 2017-09-16 11:52:03. Última atualização em . [sc:end2 ]

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